Para que os pensamentos não se percam no éter, e o fumo do pensamento não ande por aí espalhado.

25 janeiro 2011

Kima

Canon 128

Chegou a casa pelas mãos de um amigo da família, que o encontrou praticamente recém-nascido numa valeta. A mãe, não o conseguia sustentar juntamente com os outros irmãos. A minha mãe alimentou-o com leite durante semanas, através de uma seringa, onde ele mamava ávido.

Cedo mostrou ser rebelde. Adorava caixas e sacos, e com a chegada do Inverno aprendeu a guardar o lugar mais à lareira para si, miando desalmado como que a mandar embora quem o estivesse a ocupar.

Com as hormonas aos saltos, mostrou que gostava de marcar território, o que nos obrigava a ter olhar redobrado sobre ele e as portas das divisões da casa fechadas para que não apanhássemos nenhuma surpresa, como muitas vezes aconteceu. Aprendeu a passear na rua, dominando o território envolvente, metendo-se em lutas para o defender, e a cuidar dos mais pequenos que por lá passavam.

Umas vezes era o terror, outras um autêntico peluche fofo. Deixava as marcas das unhas e dos dentes quando brincava, sem malícia, ou virava-se de costas sempre que estava chateado com alguém. Tinha feitio de gato, mas era o gato lá da casa, o nosso gato.

Deixou-nos no dia 24 de Janeiro de 2011, com cerca de dois anos e meio, quando foi colhido por um carro na estrada. E deixou muitas saudades.

Canon 087

1 comentário:

  1. Coitadinho...
    Bem sei como isso é difícil.
    Já tive muitos gatos e cães na minha vida, mas os que mais me marcaram, foram um cão e um gato que nasceram no mesmo dia, na mesma casa e vieram juntos comigo para casa.
    Sempre foram inseparáveis. O cão - Blackie - era lindo, um doce, uma ternura. Mais inteligente do que qualquer outro que tive. Só lhe faltava mesmo falar.
    O gato - Tareco - independente, mandão, sempre com ar superior, mandava no cão. Punha-se ás suas cavalitas e mordia-lhe o cachaço, para mostrar quem mandava.
    Um dia, o Tareco desapareceu... passou-se uma semana e já tudo apontava para que algo de mau tivesse sucedido.
    O Blackie, todas as noites saltava o muro e saía à procura do Tareco, mas de manhã estava sempre em casa. Um dia também desapareceu...
    O gato, a minha mãe encontrou morto à beira da estrada. O cão morreu atropelado na mesma estrada.
    Foi um desgosto e ainda hoje é. Por isso, estou solidária contigo.

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