O típico chinês é baixo, de olhos rasgados, pele amarelada, cabelo escuro e liso. Como em todo o lado por onde tenho passado, as mulheres há-as bonitas e feias, mas na China todas são lisas como tábuas. Apesar de tudo elas sabem-se produzir, e especialmente nas zonas de bares e restaurantes, elas gostam de se mostrar.
Foi também vulgar durante toda a semana observar as meninas a sair do hotel de manhã, todas produzidas e bem vestidas. Mais tarde viemos a descobrir que o próprio hotel tinha um bar, digamos, “alternativo”, num local discreto e isolado.
A cultura chinesa é bastante diferente da europeia. Fez-me alguma confusão a sua falta de civismo na sociedade, relativamente ao que estamos habituados. Não respeitam qualquer tipo de filas, mesmo para entrar no elevador, e para sair não têm problemas em não sair da frente para deixar os outros saírem. Achei-os um pouco para o badalhocos. Várias vezes passamos por zonas que até são bastante movimentadas, e o cheiro a esgoto entranhava-se no nariz. E até os vimos a fazer as necessidades em plena rua.
As tasquinhas de rua têm comida com aspecto fora do normal, o que só por si pode levar um ocidental a não querer sequer experimentar. O pior é mesmo o cheiro muito estranho e nada agradável que emanava dessas tasquinhas, deixando antever que a comida, além de estranha, não devia ser nada higiénica na sua preparação.
O tabaco é perfeitamente permitido. O hotel tinha apenas um piso de não fumadores, e claro, não era o meu, já que tenho sempre azar nestas coisas. Por isso não rara vez chegava ao quarto com o cheiro característico do tabaco a circular pelo corredor. Nos restaurantes era a mesma coisa.
O trânsito, como não podia deixar de ser numa grande cidade, é caótico. As regras são o de cada um por si, e na primeira vez que andámos de táxi, ficámos agarrados ao banco a rezar para que o autocarro que vinha na nossa faixa não nos batesse. Depois verificámos que era normal pisar contínuos, fazer zigue-zagues de faixas, inversão de marcha entre dois camiões ou autocarros e outras coisas piores, pelo que nos dias seguintes simplesmente nos abstraímos e apreciámos o estilo de condução. Curiosamente não vimos nenhum carro com a mais pequena mossa que fosse.
Nas passadeiras, os peões que se cuidem. Reina a lei do mais forte na estrada, e os carros são mais fortes que as bicicletas, e estas mais fortes que os peões. Se não temos cuidado, somos atropelado por uma bicicleta ou uma motoreta, que circulam quase incógnitas na noite. Pelo menos os semáforos têm a indicação de quanto tempo demora a abrir e a fechar. Tanto os de peões como os dos carros.
Os ocidentais são vistos pela maioria como um elemento estranho. Da mesma maneira como achamos os chineses todos iguais, eles devem achar o mesmo de nós. O mais curioso é que, dada a dificuldade da língua e do inglês, eles evitam qualquer contacto. Foi engraçado entrar num MacDonalds e verificar que os empregados que estavam no balcão recuaram até à porta da cozinha, com medo que lhes calhasse a eles atenderem-nos. Tiveram sorte, pois não fomos lá para comer mas apenas para ver os menus. Nos restaurantes há sempre pelo menos alguém que fala inglês, pelo que até nos safámos sempre. O mesmo já não se passa com os táxis.
Há por lá também os pedintes profissionais, que até já surtem avisos da parte dos hotéis para os turistas não lhes alimentarem o vício. Nestas alturas dá sempre jeito eles não perceberem puto de inglês, e mesmo que percebessem, pode-se sempre falar português para fingir que não se percebe o que eles querem.
Apesar de todas estas diferenças culturais, umas mais que outras, sempre me senti completamente seguro. E na zona dos bares e da animação noturna, era possível o convívio com os locais. Aí, gente mais nova e mais abertos a aprender inglês, até se esforçavam o suficiente para serem entendidos. O mesmo se passava com alguns dos vendedores de rua de “artesanato”, principalmente os mais novos. E devo dizer que durante toda a semana fui sempre bem tratado.