Para que os pensamentos não se percam no éter, e o fumo do pensamento não ande por aí espalhado.

31 março 2011

Chinesices

O típico chinês é baixo, de olhos rasgados, pele amarelada, cabelo escuro e liso. Como em todo o lado por onde tenho passado, as mulheres há-as bonitas e feias, mas na China todas são lisas como tábuas. Apesar de tudo elas sabem-se produzir, e especialmente nas zonas de bares e restaurantes, elas gostam de se mostrar.

Foi também vulgar durante toda a semana observar as meninas a sair do hotel de manhã, todas produzidas e bem vestidas. Mais tarde viemos a descobrir que o próprio hotel tinha um bar, digamos, “alternativo”, num local discreto e isolado.

A cultura chinesa é bastante diferente da europeia. Fez-me alguma confusão a sua falta de civismo na sociedade, relativamente ao que estamos habituados. Não respeitam qualquer tipo de filas, mesmo para entrar no elevador, e para sair não têm problemas em não sair da frente para deixar os outros saírem. Achei-os um pouco para o badalhocos. Várias vezes passamos por zonas que até são bastante movimentadas, e o cheiro a esgoto entranhava-se no nariz. E até os vimos a fazer as necessidades em plena rua.

As tasquinhas de rua têm comida com aspecto fora do normal, o que só por si pode levar um ocidental a não querer sequer experimentar. O pior é mesmo o cheiro muito estranho e nada agradável que emanava dessas tasquinhas, deixando antever que a comida, além de estranha, não devia ser nada higiénica na sua preparação.

O tabaco é perfeitamente permitido. O hotel tinha apenas um piso de não fumadores, e claro, não era o meu, já que tenho sempre azar nestas coisas. Por isso não rara vez chegava ao quarto com o cheiro característico do tabaco a circular pelo corredor. Nos restaurantes era a mesma coisa.

CIMG3193O trânsito, como não podia deixar de ser numa grande cidade, é caótico. As regras são o de cada um por si, e na primeira vez que andámos de táxi, ficámos agarrados ao banco a rezar para que o autocarro que vinha na nossa faixa não nos batesse. Depois verificámos que era normal pisar contínuos, fazer zigue-zagues de faixas, inversão de marcha entre dois camiões ou autocarros e outras coisas piores, pelo que nos dias seguintes simplesmente nos abstraímos e apreciámos o estilo de condução. Curiosamente não vimos nenhum carro com a mais pequena mossa que fosse.

CIMG3190Nas passadeiras, os peões que se cuidem. Reina a lei do mais forte na estrada, e os carros são mais fortes que as bicicletas, e estas mais fortes que os peões. Se não temos cuidado, somos atropelado por uma bicicleta ou uma motoreta, que circulam quase incógnitas na noite. Pelo menos os semáforos têm a indicação de quanto tempo demora a abrir e a fechar. Tanto os de peões como os dos carros.

CIMG3187

Os ocidentais são vistos pela maioria como um elemento estranho. Da mesma maneira como achamos os chineses todos iguais, eles devem achar o mesmo de nós. O mais curioso é que, dada a dificuldade da língua e do inglês, eles evitam qualquer contacto. Foi engraçado entrar num MacDonalds e verificar que os empregados que estavam no balcão recuaram até à porta da cozinha, com medo que lhes calhasse a eles atenderem-nos. Tiveram sorte, pois não fomos lá para comer mas apenas para ver os menus. Nos restaurantes há sempre pelo menos alguém que fala inglês, pelo que até nos safámos sempre. O mesmo já não se passa com os táxis.

Há por lá também os pedintes profissionais, que até já surtem avisos da parte dos hotéis para os turistas não lhes alimentarem o vício. Nestas alturas dá sempre jeito eles não perceberem puto de inglês, e mesmo que percebessem, pode-se sempre falar português para fingir que não se percebe o que eles querem.

Apesar de todas estas diferenças culturais, umas mais que outras, sempre me senti completamente seguro. E na zona dos bares e da animação noturna, era possível o convívio com os locais. Aí, gente mais nova e mais abertos a aprender inglês, até se esforçavam o suficiente para serem entendidos. O mesmo se passava com alguns dos vendedores de rua de “artesanato”, principalmente os mais novos. E devo dizer que durante toda a semana fui sempre bem tratado.

30 março 2011

Um passeio por Nanjing

Nanjing é uma cidade de tamanho médio dados os padrões da China. Não é especialmente bonita, e nota-se um pouco a névoa habitual das cidades poluídas. Como atracções principais, entre outras, possui o memorial das vítimas do ataque japonês durante a segunda grande guerra, o palácio do imperador, o grande muro da cidade e a montanha púrpura. Ora, como eu fui em trabalho, claro está que não tive tempo para ver nenhuma delas. A única que consegui ver de passagem foi o muro da cidade, uma vez que ficava no caminho entre o hotel e o trabalho.

A cidade é cheia de luzes. Os chineses orgulham-se do que é deles, e o que eles fabricam muito é de facto a electrónica. Por isso é normal haver enfeites luminosos por toda a cidade.

CIMG3203

CIMG3208

O hotel, situado na zona central, tinha nos sues arredores uma zona de lojas de artesanato bastante coloridas e muito enfeitadas. Fiquei a descobrir que o artesanato chinês é feito em fábricas, pelo que ao contrário das feiras a que estamos habituados a ver em Portugal, quando eu pedia algo personalizado a resposta, quando me entendiam, era sempre que não podia ser, que já vinha assim de fábrica. Na zona envolvente,  os enfeites são bastante apelativos. As pontes sobre o rio oferecem reflexos luminosos fantásticos.

CIMG3139

É possível de ver a animação turística que paira nesta zona. Os carrinhos puxados pelo chinês, as bailarinas de danças locais que se passeiam no barco, e a típica comida de rua (de que falarei noutro post).

CIMG3132

Os carros típicos para transportar os turistas

CIMG3142  CIMG3134

As bailarinas no barco; o movimento na rua.

CIMG3144  DSC00166

Os coloridos enfeites no tecto; o artesanato local.

Esta zona turística é conhecida pela cidade velha e tem animação até mais tarde que o habitual. O rodopio de luzes, pessoas e cores tornam o passeio muito agradável, e não fosse o frio que se fazia sentir, seria um verdadeiro final de tarde em beleza.

29 março 2011

Aventuras na China

Foi com alguma surpresa que apareceu a oportunidade de ir até à China, numa visita de trabalho repentina. Eu, como adoro viajar, sair de vez em quando dos ares habituais, conhecer novas culturas, não me fiz rogado, apesar de saber que iria ter muito pouco tempo para apreciar minimamente o passeio. O destino foi Nanjing, capital do sul (traduzindo o nome), situada a cerca de 300Km a Oeste de Shangai.

Depois de 24 horas de viagem, e chegado a um fuso horário realmente diferente, foi com um grande ar de cansaço e de sono que cheguei ao guichet da verificação do passaporte. O chinês que lá estava, olhava fixamente para mim e para o passaporte. Depois de me tentar comparar com a fotografia do passaporte, tirada à 5 anos e com cabelo bem mais comprido, lá me pediu outra foto para me identificar. Isto começa bem. No entanto, viria a verificar que os ocidentais são completamente ignorados pelos chineses, devido à barreira linguística. Tirando na generalidade dos que trabalham no aeroporto e nos hotéis, nalguns restaurantes igualmente, nenhum fala inglês. Manter um diálogo mesmo que macarrónico com eles é tarefa impossível.

E dizem as boas práticas de quem visita esse país, que a primeira coisa a fazer é pedir no hotel por um cartão que contenha o nome e a morada do mesmo em chinês, para no caso de necessidade, o entregar ao taxista, e assim poder regressar ao hotel. Mesmo numa “pequena” aldeia com 5 milhões de habitantes, é aconselhável fazer.IMG_5331

A cidade parece muito cinzenta, e não lá muito bonita. Tem alguns prédios altos, e zonas de muitas estradas circundantes da muralha da cidade. Na zona centro, junto ao hotel, parece mais uma Chinatown em tamanho gigante, e no original. A partir da janela do quarto do hotel, temos uma vista sobre a orla de prédios envolventes.

DSC00145

Como é dia de trabalho, e o cansaço é grande, a descoberta da cidade fica para outra posta, dentro de algumas horas.

19 março 2011

E numa noite de luar…

… quase na primavera, consegue-se obter a envolvência da magnífica lua no seu Perigeu.

Lua 016Lua 026Lua 037

E até a luz do Parque das Nações nesta noite pareceu mais bonita.

Lua 038

Até ao Próximo Perigeu.

Cuenca

O nome da cidade Espanhola dá origem a muitos trocadilhos na língua portuguesa. Na realidade, situa-se a cerca de 160Km a Sudeste de Madrid, na região de Castilla-La Mancha, a mesma de onde era originário D. Quixote.

Aproveitando os feriados do Carnaval, e uma viagem Fotoadrenalina, chegámos à região até aí pouco conhecida, pelo menos por mim, pelo que fui totalmente à descoberta. A cidade é bastante grande, e a parte turística, a cidade velha, bem no cimo da colina e ladeada por um desfiladeiro e por dois rios (Cuervo e Júcar), é o que mais impressiona, pela seu charme e pela sua imponência sobre o vale.

Cuenca 312

A cidade velha de Cuenca, situada no cimo do desfiladeiro

Cuenca 030         Cuenca 297

Pormenor de uma rua da cidade velha, e da Catedral.

A maior atracção da cidade são as casas colgadas (suspensas), literalmente sobre o desfiladeiro. Sem as puder observar de dentro, a visão de fora já é surpreendente. A vista do miradouro sobre o desfiladeiro e as casas colgadas abstraem-nos do frio que se faz sentir nesta altura do ano.

Cuenca 277

Vista do miradouro sobre as casas colgadas

Cuenca 262

Vista sobre a estrada e o vale do Rio Júcar

Cuenca é também o nome da província, que além da cidade, oferece excelentes paisagens naturais, muitas delas propícias a saudáveis caminhadas bem acompanhados pela envolvente Natureza. A região é composta por rochas calcárias (carbonato de cálcio) que ao longo dos anos, com o desgaste da erosão e das águas das chuvas e dos rios, foram escavadas e apresentam nos dias de hoje autênticas obras de arte naturais.

Cuenca 148

Paisagem calcária de Las Majadas.

É o caso da ciudad encantada, outro dos ex-libris da região. As rochas foram associadas pelos olhos populares a objectos ou situações de acordo com a sua forma, pelo que podemos encontrar uma luta entre um elefante e um crocodilo, dois amantes a beijarem-se, uma foca, ou o postal de entrada em forma de um cogumelo gigante.Cuenca 383

O cogumelo gigante da Ciudad Encantada.

As covas do lobo e as lagoas são outros pontos turísticos interessantes. As primeiras são enormes crateras na rocha, provocadas pela erosão, que impressionam pelo seu tamanho, como se de os vestígios de um meteorito se tratassem. As segundas, formadas com o mesmo princípio, mas no caso a erosão escavou até ao lençol freático, construindo assim um lago, tornando a paisagem mais agradável e brilhante. A Natureza é de facto um arquitecto fantástico.

Cuenca 237

Uma Cova de Lobo

Cuenca 194

A lagoa de la Gitana em Canãda del Hoyo.

A nascente do Rio Cuervo situa-se bem no cimo da serra, onde a caminho se pode observar a Ventana del Diablo, um miradouro natural sobre o rio, de uma imponente altitude e de uma paisagem natural de beleza invulgar. Pena que não chegássemos a tempo de a ver com luz, pelo que deixo a imagem à imaginação de cada um para que possam aguçar o seu apetite para uma visita.

Cuenca 366

Vista do miradouro da Ventana del Diablo.

Passado o planalto de Cuenca, pode-se observar a terra bem tratada pelos agricultores, numa paisagem que se torna árida para a vista, mas útil para a sociedade.

Cuenca 227

Paisagem de uma pradaria

E no caminho de regresso a Madrid, tempo para uma passagem em Mota del Cuervo, onde se pode observar a paisagem que D. Quixote tanto perseguia, atrás da sua Dulcinea.

Cuenca 485

Os moinhos de Castilla-La Mancha, e a estátua de D. Quixote.

Nesta viagem houve ainda tempo para convívio e tertúlias, acompanhados per deliciosas refeições de carne e peixe. Ficam também na memória os bocadillos e montaditos típicos de Espanha, com os seus maravilhosos queijos e enchidos tradicionais que serviram de base de alimentação durante esta estadia.

17 março 2011

O mundo na palma das mãos

Passados cerca de 3 meses desde que recebi o meu novo smartphone, o Sony-Ericsson x10 mini pro, confesso que estou rendido a este mundo até então quase desconhecido para mim. Os meus anteriores telemóveis, todos Nokia, com mais ou menos funcionalidades, nunca lhes dei muito uso sem ser o normal para um telemóvel da altura.

Atualmente, um telemóvel é um aparelho que também serve para telefonar e mandar mensagens. Permite ter o mundo todo na mão. As tarifas de internet móvel das operadoras não são assim tão caras quanto isso, desde que se tenha o uso controlado, pelo que com a panóplia de aplicações gratuitas que os SO Android e os outros proporcionam, cada telemóvel se torna pessoal e único.

E há aplicações para todos os gostos, desde as realmente úteis até às completamente inúteis. No meu caso, estou limitado pela quantidade de memória interna do telefone para instalar as aplicações que quero, o que até se revela uma bênção. Se a memória fosse muito grande, dificilmente eu seria obrigado a desinstalar umas aplicações em detrimento de outras. Assim, sempre vou efectuado alguma limpeza às aplicações, desinstalando as que nunca uso, ou que só instalei para experimentar.

E muitas destas aplicações já se provaram muito úteis em viagem. Essas são as que vão ficando sempre instaladas.

16 março 2011

O melhor bolo de chocolate do mundo

É ali no centro da cidade de Lisboa, no bairro de Campo de Ourique bem junto ao mercado, que se fabrica o auto-proclamado “melhor bolo de chocolate do mundo”.

Conta-se a história que o criador precisava de um nome para o dito, e vai daí lembrou-se de o chamar assim. Como nunca foi desmentido por ninguém, lá continuou a ser conhecido como o Melhor Bolo de Chocolate do Mundo.

A pastelaria onde se vende é pequena, mas tem um movimento sempre constante. Claro que vende outros bolos, mas quem lá vai pede sempre o mesmo. É como ir à pastelaria dos pastéis de Belém e pedir uma bola de berlim.

Existem duas variedades de chocolate, negro e de leite, em dois tamanhos diferentes, um mais familiar ou para os mais gulosos e outro mais comedido, que mesmo assim se revelou grande. Também vendem à fatia para quem quiser, mas isso é só para lhe tomar o gosto.IMG_0119

Pedimos um pequeno de chocolate negro, já que era a única variedade que havia na altura, e o deleite foi sublime quando o provámos. O bolo não é especialmente bonito, nem é um tradicional bolo de chocolate. É composto por deliciosas e estaladiças bolachas cobertas com o chocolate divinal.

A combinação é de facto muito boa. Daí a até ser o melhor bolo de chocolate do mundo vai um grande passo, mas até que eu o consiga desmentir, para mim também será.

02 março 2011

Guerra de manteigas

Continuando na senda da guerra das publicidades, já devem ter reparado que a famosa margarina Planta inventou uma receita que sabe a manteiga. Parece que finalmente se aperceberam que o que o pessoal gosta mesmo é de manteiga e não daquela coisa praticamente desenxabida que é a margarina. Confesso que ainda não provei, mas estou desconfiado. Se eu posso ter manteiga que sabe a manteiga, porque hei-de eu ter margarina?

A publicidade na televisão e nos outdoors que por aí andam são engraçadas e pelo menos têm a capacidade de prender a atenção.

Vai nisto, a mimosa, famosa pelos seus produtos lácteos, não se fica atrás. Não é habitual fazer publicidade na televisão, apesar de já o ter feito no passado, mas qual não é o meu espanto quando vou comprar manteiga ao supermercado e a embalagem tem este autocolante:

DSC00102

O slogan “Ainda está por inventar alguma coisa melhor do que a Manteiga” soa-me claramente a guerra de publicidades. Resta-me dizer que a oferta era uma faca para barrar manteiga. Será que também serve para barrar margarina? Winking smile