Para que os pensamentos não se percam no éter, e o fumo do pensamento não ande por aí espalhado.

25 julho 2011

Jornalismo

Num jornal de referência nacional, no passado domingo, sai uma reportagem sobre o comboio histórico da linha do Douro. Acompanhado de algumas fotos, nele se fala de Ana e Samuel, casal que aparece já com o comboio em andamento, ele do Porto, ela de Lisboa, e que aos fins de semana se encontram para namorar. E desta vez, calhou ser no comboio histórico, e com esta entrevista.

Pois, bem, devo dizer que o Samuel não existe, chama-se Gonçalo, não é do Porto, é de Lisboa, a Ana não é de Lisboa, é do Porto, e não apanharam o comboio histórico, apenas o apreciaram enquanto este parou na estação do Pinhão para abastecer de água e olear as engrenagens.

O jornalista estava a usar uma caneta que escrevia mal, e talvez por isso tenha feito grande parte da reportagem de memória. Para a próxima, o senhor jornalista use um lápis, que nunca falham na escrita.

19 julho 2011

Marés Vivas 2011

Parece que este ano ando numa maré de festivais de Verão. E desta vez fui até Gaia ao Marés Vivas. Boa organização, à medida das capacidades do recinto, um preço acessível e bandas de renome.

Com exceção do Verão que se esqueceu mesmo de aparecer, já que durante todo o espetáculo caiu a chuva molha-tolos, o resto estava tudo lá. Até as barraquinhas do Licor Beirão onde davam uns úteis chapéus de palha que abrigavam dentro do possível da chuva.

Mas vamos à música. Quando cheguei, estava Áurea a começar o concerto. Descalça (manias de artista), mas com a banda muito bem vestida, ao estilo de um casino lounge, de fato e gravata, e palco enfeitado com candeeiros. As meninas da banda de vestido de gala, e Áurea a puxar pela sua encantadora voz.

Os veteranos Tindersticks foram os seguintes, em que aproveitei a melancolia das suas músicas para usufruir do recinto e das barracas de comes e bebes e de diversão. A música dos Tindersticks ficou apenas para dar ambiente.

O regresso mais esperado da noite foi por uma das bandas da minha juventude. Os irlandeses Cranberries voltaram a juntar-se, com um álbum novo na calha, e os anos não passaram pela Dolores O´Riordan. A voz dela está igual à 20 anos atrás (sim, 20 anos), e a sua silhueta muito parecida. As músicas já são clássicos e as melodias harmoniosas de linger, dreams, just my imagination e outras, juntamente com a simpatia de Dolores conquistaram o público saudosista e não só. Cá esperamos o lançamento do álbum.

O espetáculo encerrou com o entertainer Mika. Já o público estava frio e molhado e nada melhor que um Relax a abrir um concerto cheio de movimento, luz e cor, onde Mika saltava de um lado para o outro. O palco, enfeitado qual salão de baile de Versailles, com a banda a condizer, e até teve direito a encenação da decapitação de Maria Antonieta. Goste-se ou não do estilo falsete do rapaz, o que é certo é que o espetáculo vale realmente a pena. As músicas são animadas e num toque mais rápido que no CD, o que animam público a precisar de calor.

Para o ano espero que o Marés Vivas continue a ter a mesma qualidade. Só espero não ter que ouvir o jingle da Comercial tantas vezes seguidas. É que por mais engraçada que esteja a letra, não há paciência para tantas repetições…

11 julho 2011

Voar baixinho

A forma mais antiga de voar, sem contar com a lenda de Ícarus, é de balão de ar quente. Foi precisamente esta forma que experimentei recentemente, e devo dizer que é excepcional.

O balão voa mesmo, não está preso por uma corda ao chão como se costuma ver nalgumas feiras. Mas para usufruir da experiência é necessário levantar bem cedo, para aproveitar o nascer do sol. Não que a paisagem seja melhor nesta altura, mas porque as correntes de ar são mais favoráveis. Afinal, o balão vai sempre para onde o vento o levar.

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Foi em pleno Ribatejo, nas imediações de Coruche que a aventura teve lugar. O enchimento do balão e a preparação demora algum tempo, mas lá arrancámos num cesto de 24 pessoas, puxado por um balão de 21.000 metros cúbicos de ar. O voo demora cerca de 1h30, e do alto dos 2300 pés (cerca de 800 metros) consegue-se ver a paisagem ribatejana, os açudes, as plantações, as cidades e vilas, unidas por estradas praticamente sem curvas.

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Na aterragem, num terreno não lavrado a cerca de 40 Km do ponto de origem, e após o impacto, o choque de ficar cheio de cardos presos à roupa, cada um mais afiado que o outro. E antes de ser transportado para o ponto inicial, arrumar os 350 Kg de poliester e os 400 kg de cesto e respectivos apetrechos, algo que os tripulantes ajudam em espírito de convívio e clima de satisfação pela viagem realizada.

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07 julho 2011

I’m feeling Alive!

Pela primeira vez desde a sua existência, fui ao Optimus Alive. Não gosto muito de festivais de Verão, uma vez que é sempre demasiada gente para se ir ao bar ou à casa de banho, e tipicamente o espetáculo das bandas é limitado em tempo. É bom pagar um só bilhete para ver meia-dúzia de bandas, mas prefiro pagar para ver apenas uma em recinto próprio, pois geralmente os espetáculos são formatados para esse espaço.

No entanto, este ano e com o anúncio dos Coldplay, fui ao Alive. E mesmo apesar das dificuldades em chegar ao Passeio Marítimo de Algés, devido a um descarrilamento de comboio, o que causou o caos no trânsito e nos táxis, o esforço valeu largamente a pena.

Cheguei ao recinto no início da atuação dos Blondie, banda dos anos 70, e com muitas músicas já transformadas em clássicos, como Heart of Glass, One way or another ou o mais recente Maria. Debbie Harry já não tem a aparência de loura bombástica de outros tempos, nem a frescura física nem a voz cristalina, mas ainda consegue puxar pelo público e proporcionar um ótimo concerto.

Mas os mais esperados da noite eram mesmo os Coldplay. Chris Martin e seus pares não desiludiram minimamente, abrindo com música nova e fogo de artifício, até que o palco se pintou de amarelo para que o público ficasse conquistado e cantasse em uníssono ao som de Yellow. A partir daí, misturando os hits, como a super balada The Scientist, ou Violet Hill,  com músicas novas e menos conhecidas, e num constante alimentar de cor e fantasia o público, que ia respondendo ao chamamento dos Coldplay para cantar com Chris.

E enquanto do palco se soltavam confettis ou bolas saltitavam pelo público ao som de Lost, foi quando Chris Martin tocou o riff de Viva La Vida ao piano que o público entrou em êxtase. Parece que a música terminou cedo de mais, tal era a vontade em cantar. No encore ainda estava reservado outro momento alto, ao som de Fix You, antes de terminar com a música do novo álbum, um concerto que passou a correr na sua hora e meia e que pareceu curto.

Os Coldplay estão em grande forma e provaram-no, proporcionando um dos melhores concertos a que já assisti. Eu gostaria de os ver em concerto próprio numa outra altura. Espero que aconteça.

04 julho 2011

E com isto são…

34! É com esta idade já no pelo que escrevo esta posta. E devo dizer que para já está bem. Não me sinto especialmente mais velho, senão quando o corpo já demora mais a responder ao esforço físico depois de atividades desportivas. A recuperação já não é igual a quando se tem 20 anos. Outro fator que deve ser derivado da idade é o súbito interesse em política. De repente, interesso-me pelas sondagens, pelos debates, pelo resultado das eleições… Sinais dos tempos, ou farto de ser mal-governado?

Enfim, o dia de aniversário correu muito bem. Um almoço com a família mais chegada, e depois à tarde um lanche com os amigos de sempre, acompanhados por momentos de conversa e um belo convívio. Que mais se pode desejar? Que para o ano ainda estejamos todos disponíveis para que a festa se repita.

Obrigado a todos por estarem presentes, e a todos os quantos não puderam estar presentes, mas cuja data não passou esquecida. Afinal, o facebook também ajuda a lembrar destas coisas.