Para que os pensamentos não se percam no éter, e o fumo do pensamento não ande por aí espalhado.

30 abril 2012

Outra vez, Jesus?

Ontem o meu Glorioso Benfica perdeu, novamente, o campeonato nacional de futebol para o FC Porto. E desta vez custou bastante mais que na época passada.

Ao contrário de clubes de bairro do Norte ou que jogam em estádios ladrilhados que quando perdem culpabilizam sempre alguma coisa, seja os túneis, os stewards, as cadeiras ou as gaiolas, nós os benfiquistas sabemos olhar para dentro. É possível que num ou noutro jogo tenhamos tido o azar de contar com um árbitro aziado, mas isso não explica como é que de 5 pontos de avanço se passa para 6 de atraso quase de repente.

Na época passada o FC Porto fez de facto uma época brilhante, e assim praticamente se perdoou ao Jorge Jesus os inúmeros pontos de atraso. Esta época, sem o efeito Villas-Boas e com um fantoche à frente da equipa tripeira, era esperado que as coisas corressem da melhor forma. E correram, até Fevereiro.

Parece que a equipa, a partir de Fevereiro, quebrou radicalmente os índices físicos. Mas foram ao Brasil desfilar em lantejoulas para ficarem assim? Ou então esta preparação física que é dada no início da época tem muito que se lhe diga, que não rende nada no longo prazo.

Jorge Jesus tem de deixar de ser casmurro e rodar mais a equipa quando os índices físicos começam a quebrar. Afinal, o plantel continuam a ser apenas 11 ou 12 jogadores e mais uns quantos para aquecer o banco?

Não sei se o Jorge Jesus fica mais uma época no Benfica ou não. Mas se ficar e se não ganha de novo o campeonato, acho que nunca mais irá voltar a entrar no estádio da Luz.

24 abril 2012

Encomendas online

Fiz uma encomenda online num site estrangeiro, como o faço muitas outras vezes. Até hoje, mais dia menos dia, as encomendas foram sempre entregues a tempo e horas. Mas desta vez não.

Como o pedido que fiz continha vários itens, recebi durante a mesma semana, os vários pacotes, todos eles oriundos do mesmo país. Todos? Não. Um irredutível pacote contendo algo que eu necessito para os próximos dias, teimava em não aparecer, mesmo depois do pedido de preenchimento do inquérito de satisfação do site.

Tentei averiguar o que se passava, usando os contactos disponíveis online, e vim a saber que o referido pacote estava a ser devolvido ao remetente, pois a transportadora não o conseguiu entregar.

Apesar da vontade do fornecedor em me devolver o dinheiro da compra, refutei, exigindo os itens novamente, uma vez que já que os comprei é mesmo porque preciso deles. Se não precisasse não os iria comprar. Ao que eles prontamente acederam ao meu pedido de reenvio por correio expresso para a mesma morada.

A alternativa que eu tinha era encomendar noutro site, noutro fornecedor, e esperar que o mesmo fosse entregue a tempo e horas. Vamos ver se chega dentro do prazo de uma semana que eu atribuí para que chegasse.

17 abril 2012

Dossier de competências

A maior parte das empresas que nesta altura do campeonato da crise contratam na área das Tecnologias da Informação são consultoras. Isto porque as grandes empresas não querem aumentar os seus quadros, devido às exigências de gastos, mas isso é outra história que brevemente poderei colocar noutra posta deste blog.

Eu não me importo de trabalhar para uma consultora. Na prática, trabalhamos sempre para um cliente final, só que quem nos paga é a consultora. Seja. Não me afeta esse tipo de serviço.

Para já devo dizer que o termo “consultor” está tão vago nos últimos tempos que evoluiu desde a pessoa que era consultada para prestar uma análise ou uma opinião, até à pessoa que implementa e que é escravizada pelo empregador. Um limpador de casas de banho pode, hoje em dia, ser chamado de consultor de higiene e limpeza, valha-nos alguém. Aposto que o Louçã iria gostar desta categoria profissional politicamente correta.

Agora, o que mais me aborrece com estas entrevistas nas consultoras, é que cada uma tem uma espécie de template para o Curriculum de cada um dos seus consultores. A isto chamam Dossier de Competências. Nome pomposo já tem. E para que serve? Não sei. Pelo menos serve para perder algum tempo a transpor a informação do CV naquele template que é exigido pelas consultoras.

O pior de tudo é que dentro das próprias consultoras, há vários templates. Já me aconteceu com o espaço de 3 meses ter de preencher de novo o template da mesma empresa porque já não era igual. Já para não falar no problema de comunicação interna que elas revelam em alguns casos. Mesmo sendo para áreas diferentes dentro da mesma empresa, as bases de dados de candidatos têm alguns problemas. Enfim, faz parte do trabalho de quem anda à procura de emprego.

13 abril 2012

Consulta do Viajante

Hoje voltei a ir a uma consulta do viajante. Ocorreu em Leiria, e até nem vou para nenhum país africano ultra perigoso, mas mais vale andar informado. E a coisa demorou a manhã toda.

Chegado às 9h ao Centro de Saúde dos Marrazes, é feita a inscrição de todos os que marcaram a consulta. No dia de hoje foram 10, faltaram 2, e eu era o número 9. Após tudo registado, hora da palestra comum com a Dr.ª Silva.

Não sei se estava relacionado com o facto da Dr.ª ter feito urgência de noite, ou se é mesmo assim o feitio dela, mas pareceu um pouco irritada, mas no entanto, com suficiente sentido de humor, dentro da seriedade possível, para me rir de vez em quando com a palestra. Esta foca-se muito nos países africanos, para onde viajavam a maior parte dos presentes, e desmistifica muitas ideias comuns das profilaxias da malária.

- Eu estou enjoada de ter trabalhado esta noite e estou aqui, não estou? Por isso, deixem de ser mariquinhas com o enjoo da profilaxia e tomem para vosso bem.

Foi apenas uma das muitas tiradas de humor da Dr.ª. Apesar de irritada, pareceu-me muito competente, e a própria não deixava passar a oportunidade de puxar dos galões dos seus 30 anos de medicina e 10 de consulta do viajante. A palestra é comum porque a maioria dos cuidados a ter neste tipo de viagens é igual independentemente do destino.

Depois da palestra, vêm as consultas individuais, a qual no meu caso ocorreu já passava do meio dia. Quando olhou para os marcadores da Hepatite A, virou-se para a enfermeira estagiária que lá estava a aprender:

- Este gajo só fez uma dose da vacina da Hepatite A!

- Esse gajo sou eu…

- Pois, você só fez uma dose da vacina. Vai fazer a outra hoje.

Querias sair daqui sem ser vacinado? Ora toma que já almoçaste.

- Vai para onde? Ah, vai laurear a pevide, ver as montras. Só precisa dessa dose da Hepatite A e pode ir descansado. Não faz profilaxia da malária que não é preciso para onde vai, mas tem de usar repelente na mesma.

Antes de sair, ainda mais uma pergunta com direito a humor:

- Dr.ª, na palestra falou que em caso de febre deve-se tomar sempre paracetamol e não os outros. Mas eu sou alérgico – digo-lhe eu.

Ao que entre o irritado e o surpreendido, responde:

- MAS QUEM É QUE O MANDA SER ALÉRGICO AO PARACETAMOL??????

- Não tenho culpa…

- Pois, quem não tem pão, come broa. Qual é que costuma tomar? Brufen? Então vai levar esse na receita em vez do Ben-U-Ron.

E assim lá fui comprar a vacina à farmácia da Gândara, para levar ainda no mesmo centro de saúde, o que aconteceu já passava das 13h. Ao entrar na sala de vacinação, diz-me a enfermeira:

- Só uma? Ora bolas, tenho estado a dar 3 e 4 de cada vez e agora só dou uma…

Confesso que fiquei assustado, mas ela afinal estava só a brincar.

Resultado da Consulta do Viajante: uma manhã de espera, uma vacina e um monte de conselhos e informações úteis.

02 abril 2012

Espectativas Salariais

“Então e quais são as suas espectativas salariais?”

Esta é uma pergunta que é rotineira em todas as entrevistas onde tenho ido. Por alguma razão obscura, que quero chamar de falta de transparência, as empresas portuguesas nunca anunciam quanto estão dispostas a pagar quando publicam os anúncios. Salvem-se as honrosas exceções, que também as há.

Contrariamente aos anúncios estrangeiros, o intervalo salarial raramente é publicado no anúncio em Portugal. Acredito que seja uma manobra das empresas de terem esperança de os candidatos baixarem as calças o suficiente para que peçam bastante menos que as empresas estão dispostas a pagar, para assim pouparem alguns trocos em recursos humanos. No entanto isto tem também o senão de essencialmente, me fazer perder o meu precioso tempo, bem como perder o tempo às empresas que me telefonam e me entrevistam.

Tipicamente quando revelo as minhas “espectativas salariais”, sejam elas quais foram, fazem sempre um ar de que está acima das possibilidades da empresa, na tentativa de negociar. Mas também as há que não podem mesmo negociar e que apenas me fizeram perder tempo. Se tivessem anunciado logo quanto seria a margem salarial seria menos um Curriculum que receberiam, e menos uma entrevista que fariam.