Para que os pensamentos não se percam no éter, e o fumo do pensamento não ande por aí espalhado.

17 outubro 2012

Reunião de bandas

Nos últimos tempos tem acontecido algo curioso na música portuguesa: as bandas que fizeram sucesso nos anos 80 e 90 estão a juntar-se para dar concertos mais ou menos exclusivos.

Citando apenas algumas, são exemplo os Sétima Legião, os Ornatos Violeta, os Resistência e os Ala dos Namorados. Tudo isto traduz-se num grande gáudio dos fãs destas bandas lendárias, onde eu também me incluo. Mas que tipo de fãs?

Fãs que, como eu, cresceram a ouvir estas bandas. Que como eu ultrapassaram já os 30 anos, têm empregos e família e acima de tudo, ainda têm algum (se bem que cada vez menos) poder de compra.

Por isso, não me sai da cabeça que os artistas também estão a fazer pela vida. Na falta de sucesso noutros projetos individuais ou em grupo, e com cada vez menos apoio do Estado, estão a virar-se para o provável único filão que ainda lhes resta, a classe média, atualmente na casa dos 30-40 anos.

Assemelha-se mais a um oportunismo do que a uma nostalgia. Pessoalmente, valorizo mais bandas como os Xutos ou os GNR que duram há 30 e muitos anos sem que os seus membros, mesmo tendo outros projetos paralelos, se tenham zangado uns com os outros e decidido seguir cada um o seu caminho.

Em alturas de crise, todos querem aproveitar o que podem. E parece que as ex-bandas não são exceção. Veremos quantas mais se irão juntar nos próximos tempos.

15 outubro 2012

Direito ao trabalho

“Artigo XXIII

        1.Todas as pessoas têm o direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.” 

Fonte: Declaração Universal dos Direitos Humanos

A Declaração dos Direitos Humanos, criada em 1945 após o término da segunda guerra mundial, e mais tarde adoptada como base pelas Nações Unidas, descreve no essencial todos os direitos básicos que qualquer ser humano deveria ter. No entanto, se lerem toda a declaração, que não é vinculativa para nenhum país, a mesma também fala em deveres.

Causa-me alguma espécie nas manifestações que têm acontecido por este cantinho, essencialmente contra as políticas bastante agrestes do Governo, ver as pessoas a exigirem o direito ao trabalho.

Se bem que todos temos direito ao trabalho, tal como descreve a Declaração dos Direitos Humanos, tal competência não depende do Estado. O Estado em que vivemos não é nem deve ser mãe de ninguém. Isso é para os Estados totalitários comunistas, que são responsáveis por tudo o que acontece, além de meterem o bedelho em todas as empresas. Nessa corrente ideológica, que não se verifica no nosso país, se tudo é do Estado, então o Estado é responsável por tudo.

Julgo que estamos demasiado presos à ideia que o Estado é o nosso pai e a nossa mãe, quando assim não tem, nem deve ser.

Compete ao Estado sim, o criar condições económicas favoráveis para que as empresas que nele se baseiam possam, entre outras coisas, criar postos de trabalho. E na minha opinião, não deveria sequer interferir com a administração da empresa, salvo para salvaguardar a legalidade das actos da mesma. Senão caímos num campo em que o Estado é pai e mãe sem o ser verdadeiramente. Deve deixar para a iniciativa privada o controlo e as decisões da empresa. Senão, o investidor privado pensará duas vezes antes de colocar cá o seu dinheiro. E como precisamos dele.

09 outubro 2012

Este talão não serve de factura

Uma das coisas que me faz confusão, é quando vou a um restaurante e peço a conta, a mesma vem num talão processado informaticamente com os dizeres em rodapé “este talão não serve de factura”.

E se queremos factura, e eu normalmente quero nem que seja pelo meu dever cívico de obrigar a que todos paguem os impostos que têm de pagar, temos de a pedir oficialmente, e às vezes preenchendo o nome e o número de contribuinte.

Porque raio em vez do talão da conta a máquina não emite logo a factura ou venda a dinheiro ao consumidor final (com os dados do cliente em branco) com o valor a pagar? Não pouparia trabalho a toda a gente e até algumas resmas de papel?

Esta mania de complicar dos restaurantes é para evitar que as pessoas peçam a factura, para não se estarem a chatear. E quando estamos com alguma pressa, é normal que escape. E escapam também os impostos que o restaurante deveria pagar ao Estado e não paga por causa da complicação.

Quando forem todos obrigados a passar factura (até já há falcatruas no software de vending para que não sejam passadas assim tantas como deveriam ser) é bom que se deixem de complicações. Porque ninguém gosta de estar numa fila só para receber um factura, se bem que é esse o dever de cada cidadão.

03 outubro 2012

Tecnologias presenciais

Num mundo cada vez mais dominado pela tecnologia, que nos dá o acesso à informação que noutros tempos era difícil, para não dizer proibido (Ok, há países onde isso ainda acontece), e onde essas tecnologias podem ser usadas para aproximar pessoas distantes, porque não pôr essas tecnologias ao serviço das empresas?

É verdade que a Internet aproxima as pessoas através das chamadas de voz e vídeo, que outrora não seriam possíveis. Também é verdade que cada vez é mais fácil estar isolado por detrás de um computador com o mundo na janela que é o écran, mas o facto de haver tecnologia não significa que a mesma seja má. O bom e o mau está no modo como se usa.

E estando eu ligado às tecnologias, gosto de as usar. Faz parte do meu trabalho e da minha vida, e posso estar em contacto com pessoas que de outro modo não me seria possível. Claro que prefiro o contacto pessoal, mas ainda não inventaram o teletransporte e não sou omnipresente. E quem não prefere tratar de uma burocracia qualquer do Estado com meia dúzia de cliques no computador, ao invés de perder um dia inteiro na fila do serviço público?

Por isso faz-me alguma confusão que algumas empresas ligadas às tecnologias sejam tão avessas a realizar entrevistas remotas, através de chamadas de voz e/ou vídeo. Compreendo que numa empresa onde o ambiente não passa necessariamente pela tecnologia, tal não seja usual. Mas numa empresa tecnológica, pouparia muito tempo aos intervenientes e até custos realizar a primeira filtragem remotamente.

As perguntas da praxe de qualquer entrevista podem perfeitamente ser feitas por video-chamada. Terminam sempre com a célebre “Então e quais são as suas expectativas salarias?”. Ver aqui.  Aposto que a maior parte das vezes se evitariam deslocações desnecessárias que nos fazem perder várias horas. E se posteriormente as expectativas estiverem ao alcance, então que se façam as entrevistas presenciais necessárias.

02 outubro 2012

12 anos

Foi precisamente há 12 anos atrás, no dia 2 de Outubro de 2000, que comecei a minha vida profissional activa. Na altura, saído da Universidade, os tempos eram de vacas gordas em quase todos os sectores da economia nacional, e principalmente num mercado de telecomunicações e tecnologias em franca expansão.

Daí que escolher o primeiro emprego, quando se sai da Universidade, passa muito por quem paga mais, praticamente ignorando tudo o resto. Quando se é mais velho, já se pensa em muitos mais factores.

Optei na altura pela Comverse Network Systems, depois de ter estado vários meses com entrevistas constantes, e inúmeras propostas de múltiplas empresas. Não me arrependo das escolhas que fiz do meu caminho profissional. Se tivesse optado por outra empresa, poderia não ser melhor ou pior, mas seria certamente diferente.

E lembro-me do dia em que recebi o meu primeiro ordenado. Depois de vários anos a estudar, é quase como o atingir da recompensa a que se tem direito. Na altura, o esforço e o estudo era bem recompensado. Outros tempos.