Nos últimos tempos tem acontecido algo curioso na música portuguesa: as bandas que fizeram sucesso nos anos 80 e 90 estão a juntar-se para dar concertos mais ou menos exclusivos.
Citando apenas algumas, são exemplo os Sétima Legião, os Ornatos Violeta, os Resistência e os Ala dos Namorados. Tudo isto traduz-se num grande gáudio dos fãs destas bandas lendárias, onde eu também me incluo. Mas que tipo de fãs?
Fãs que, como eu, cresceram a ouvir estas bandas. Que como eu ultrapassaram já os 30 anos, têm empregos e família e acima de tudo, ainda têm algum (se bem que cada vez menos) poder de compra.
Por isso, não me sai da cabeça que os artistas também estão a fazer pela vida. Na falta de sucesso noutros projetos individuais ou em grupo, e com cada vez menos apoio do Estado, estão a virar-se para o provável único filão que ainda lhes resta, a classe média, atualmente na casa dos 30-40 anos.
Assemelha-se mais a um oportunismo do que a uma nostalgia. Pessoalmente, valorizo mais bandas como os Xutos ou os GNR que duram há 30 e muitos anos sem que os seus membros, mesmo tendo outros projetos paralelos, se tenham zangado uns com os outros e decidido seguir cada um o seu caminho.
Em alturas de crise, todos querem aproveitar o que podem. E parece que as ex-bandas não são exceção. Veremos quantas mais se irão juntar nos próximos tempos.