Para que os pensamentos não se percam no éter, e o fumo do pensamento não ande por aí espalhado.

26 novembro 2011

Limpar prateleiras

Há arrumações que são feitas muito de vez em quando, quando achamos que começamos a precisar de espaço num determinado armário, ou quando descobrimos algo tão antigo no fundo da gaveta que pensamos que está na hora de dar uma volta à coisa.

Foi o que aconteceu quando me pus a procurar um CD já antigo no armário do escritório, e me deparei com cerca de duas prateleiras cheias de antiguidades. Nessas antiguidades estavam muitos CDs, mas essencialmente, centenas de disquetes. Algumas, pela etiqueta, ainda vinham do tempo da escola secundária. Como nestes tempos modernos é difícil encontrar um computador com leitor de disquetes, a solução foi deitar tudo fora.

Após um dia inteiro de seleção do que era utilizável e o que não era, foram para o lixo 4 sacos de lixo cheios de disquetes e CDs. Arrisco-me a dizer que devem ter ido cerca de 20 Kg deste material. Mas como sou amigo do ambiente, tudo o que era plástico foi selecionado para o ecoponto amarelo.

No final do dia, ficaram duas prateleiras livres no armário, que podem ser usadas para acumular novo lixo, para novas limpezas daqui a uma década.

24 novembro 2011

E o direito a ir trabalhar?

Hoje foi dia de Greve Geral. A terceira desde o 25 de Abril que uniu as duas grandes centrais sindicais do país. Curiosamente, ambas ligadas a partidos políticos. A CGTP, mais radical e sempre contra toda e qualquer política, boa ou má, tem um líder militante do PCP. A UGT, mais moderada, é liderada por um militante do PS. Estes líderes nunca fizeram mais nada na vida que ser sindicalistas. E quem os sustenta?

Tal como há o direito à greve previsto na Constituição, também há o direito ao trabalho, e essencialmente o direito a ir trabalhar em dia de greve. E por isso, acho completamente vergonhoso os piquetes de greve impedirem os trabalhadores das suas empresas de exercer o seu trabalho. Por inerência, quem não faz parte das empresas ou entidades (quase todas também lideradas por militantes de esquerda) que fazem greve, apanham na mesma moeda, e indiretamente são impedidos de ir trabalhar. Sem transportes, as pessoas não se conseguem deslocar para o local de trabalho, ainda mais nesta altura de “crise” em que já é difícil pagar o passe, quanto mais o táxi ou o combustível do carro.

Ao contrário dos manifestantes afectos aos partidos de esquerda, que são pagos para estar na greve, ou transportados gratuitamente para os locais de manifestação pelas câmaras municipais do Bloco de Esquerda ou do PCP, as pessoas que indiretamente não puderam exercer o seu direito e dever de trabalhar não são remuneradas pela falta. E isso ainda lhes vai custar mais no final do mês.

Não sou contra as greves. Acho que se deve exercer esse direito quando há razão para isso. Mas em todas as que já assisti desta dimensão não consigo descortinar qual a razão. Os sindicatos e as uniões sindicais devem existir para informar os trabalhadores dos seus direitos, mas esquecem-se de os informar dos seus deveres (tirando talvez o pagamento da quota mensal). Os deveres não podem ser só faltar ao trabalho quando se quer, e ser remunerado por isso.

Quem falta ao trabalho para fazer greve são quase sempre os mesmos. Quem bate com o couro todos os dias continua a fazê-lo para suprimir as faltas e a constante inércia dos habituais grevistas. Que para esses, é mais fácil ir para a Assembleia da República causar distúrbios com o grelhador das febras e o garrafão de vinho às costas, do que estar no trabalho a produzir valor. Coisa que habitualmente já não fazem.

19 novembro 2011

Cultura Geral e Religião

No seguimento do post anterior, e se viram o vídeo da reportagem, verificam que as desculpas dos energúmenos dos estudantes são quase sempre baseadas no mesmo: Política não é comigo, Literatura não é comigo, Cultura Geral (?) não é comigo, e a que mais me impressionou, religião não é comigo.

E esta deixa da religião impressionou-me porque a pergunta era sobre o autor do livro “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”. E bastou para que ouvissem Jesus Cristo para automaticamente associarem a religião. A pergunta até era de Literatura, eventualmente enquadrada em Cultura Portuguesa, mas associaram à religião.

Não sei se os jovens de hoje querem parecer modernos e como tal rejeitam à partida algo que lhes lembre religião, seja ela qual for. Mas para não gostarem é porque já tiveram alguma experiência religiosa. Porque isto dizer que não sou religioso não pode ser apenas uma ideia de esque"rda vanguardista e inútil, só para ser “diferente, cool, fixe, e dá cá um charro que a gente quer é peace and love, e a Igreja é a raiz de todos os males”.

Gostava de ouvir as explicações destes jovens sobre o porquê de não serem religiosos. Aposto que são todas elas explicações sem sentido. No entanto, mesmo o facto de não o serem, não invalida que conheçam alguns momentos da vida de Jesus Cristo, porque isso até faz parte da Cultura Geral (que também não é com estes jovens).

17 novembro 2011

O resultado do facilitismo

Que a Casa dos Segredos é um programa de entretenimento já todos sabemos. Que os concorrentes não precisam de ser muito inteligentes também, desde que cumpram os objectivos do programa. Objectivos esses que não passam por resolver equações diferenciais nem descobrir a cura para o cancro. Passam sim por entreter, com aquilo que o público gosta. E o que mais gosta são bacoradas, futilidades e claro, sexo.

Mas o que me deixa mais surpreso é o facto de os jovens de hoje terem uma cultura geral/inteligência ao nível dos concorrentes da casa dos Segredos, como o mostrou a reportagem da revista Sábado, que podem ver no link abaixo.

Reportagem Sábado

É verdade que para a reportagem só escolheram os que realmente eram “interessantes”. Confio que estes não são a maior parte, aliás, quero confiar. Porque afinal de contas são estes os adultos de amanhã e fico arrepiado de pensar que no meu futuro terei jovens incultos e habituados ao facilitismo a governar os destinos do país.

São imaginativos nas respostas que dão, ou até nas desculpas. É o resultado do facilitismo que tem assolado a educação do país, em que todos tiram o 12º ano sem terem que se esforçar minimamente. Digam os meus amigos professores se é fácil chumbar alguém de ano. Claro que depois chegam à idade adulta e transformam-se no que a reportagem mostra. Devem ser especialistas em Morangos com Açúcar, conhecer 200 shots diferentes, e em pedir dinheiro aos papás para as noitadas. Medo…

02 novembro 2011

Indignados

Estou confuso com os indignados. Não percebo muito bem o que eles pretendem. Nas notícias é vê-los a ocupar Wall Street, sedes de bancos, ou ruas onde se localizam grandes empresas. Até em Portugal resolvem tentar acampar em frente à Assembleia da República.

A sensação que me dá é que na sua maioria são jovens que não têm trabalho nem se esforçam para o ter, e por isso têm tempo para manifestações desta índole. Tiraram cursos superiores que dão automaticamente direito a desemprego, do género “estudos para a paz”, por isso se têm que estar indignados é com eles mesmo por terem escolhido essa formação. Queixam-se da precariedade, mas fumam os charros e bebem as bejecas que não devem ser de borla. E passam a manifestação a descansar enquanto nós, os verdadeiros indignados com toda esta corja, nos matamos a trabalhar para ao fim do mês ainda termos dinheiro para comer.