Para que os pensamentos não se percam no éter, e o fumo do pensamento não ande por aí espalhado.

06 junho 2011

Ponto de viragem

Finalmente foi-se. O aldrabão e sem vergonha cara de pau que levou este país quase à falência. Este que não foi envenenado com cicuta, mas que deu muito veneno aos portugueses. Sócrates perdeu as eleições. Era o esperado. Confesso que até tinha pensado em emigrar se este povo o elegesse outra vez. Felizmente isso não aconteceu, e podemos agora respirar de alívio.

Em situações de crise, geralmente é a direita que vence as eleições. Talvez o povo fique farto de falsos pragmatismos e ideias radicais e utópicas que nada trazem de bom para a sociedade. É assim com todos os países. Tanto mais que na Europa dos 27, após a vitória de ontem da direita, apenas 5 países continuam com governos de esquerda: Áustria, Eslovénia, Chipre, Espanha e Grécia (fonte).

Confesso que fiquei contente com os resultados. Sou tendencialmente mais à direita, por achar que o desenvolvimento económico traz desenvolvimento social e não o contrário. Como disse a famosa dama de ferro, Margaret Tatcher: “O socialismo só dura até acabar o dinheiro dos outros”. E parece que os mercados internacionais também gostaram. A bolsa abriu no verde, e os juros da dívida baixaram em praticamente todos os prazos. Pode ser um sinal do ponto de viragem que o país precisa.

Agora, espero que o novo Primeiro-Ministro saiba formar um governo competente, e que dê ao Portas um ministério para ele se entreter, para não atrapalhar muito. E espero que ele saiba escolher as pessoas certas, sem influências de terceiros, para levar este país para a frente, que bem precisa de um timoneiro. Que não se perca em culturas da imagem nem em discursos ensaiados, mas que seja sincero e honesto em tudo o que faça.

Vamos lá, Portugal!

01 junho 2011

Aldeias remotas

Nas aldeias remotas não se passa nada. Mais ou menos. Aliás passa-se muita coisa. Este fim de semana que passou deu para observar que mesmo nas aldeias mais remotas há muita coisa a acontecer. Coisas essas bem diferentes de toda a azáfama diária das cidades  a que estamos habituados.

Uns miúdos a serem treinados a andar de mota pelo pai. O mais novo já estava farto, mas mesmo assim o pai insistia em que ele desse mais umas voltas, com este a gritar que a mota precisava de óleo.

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Um BMW branco sem matrícula a fazer rali pelas ruas apertadas de Sezelhe. Sem matrícula e sabe-se lá sem mais o quê. Travões, talvez.

O café da esquina que tem uma pequena mercearia com um stock limitado de todos os produtos essenciais. O espaço é pequeno e cheira a mercearia de comércio tradicional. Os produtos existem sempre em duas marcas distintas. E para as terras que não têm mercearia, é a própria loja que vai até à aldeia.

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A loja da rua principal de Tourém que vende tudo, literalmente. Desde pilhas alcalinas, a álcool etílico, e até sapatos da Timberland e da Hugo Boss, em vários números e em preço muito em conta. Numa aldeia que fez parte da rota do contrabando, será que os sapatos já fizeram a rota?

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As pessoas locais, idosas, sentadas no alpendre a conversar. A sua simpatia é notória quando lhes perguntamos algo e se nota que gostam de conversar e contar histórias das vidas passadas.

Os pastores de gado, vacas, ovelhas, cabras, cavalos. A orla do monte é definida pelas vacas, alimentadas a erva biológica e com espaço para crescer devidamente. Claro está que a carne assim só pode ser saborosa.

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Isto é apenas uma pequena amostra do que acontece nas aldeias remotas de Portugal. Para realmente sentir os ares, nada melhor que passar por lá, meter conversa, e apurar todos os sentidos.