Para que os pensamentos não se percam no éter, e o fumo do pensamento não ande por aí espalhado.

30 setembro 2013

Um bloco a perder folhas

Se é verdade que nunca fui simpatizante do Bloco de Esquerda devido essencialmente às suas políticas trotskianas que geralmente abordam assuntos que não interessam a praticamente ninguém, também é verdade que tenho saudades dos tempos em que Francisco Louçã mandava naquilo.

Com a saída de Louçã e a direcção bicéfala de Semedo e Martins, o Bloco actualmente parece um clone do Partido Comunista, sempre a bater na mesma tecla de desgraça e do contra, mas essencialmente, perdeu a sua piada. As políticas com Louçã poderiam ser na mesma inúteis, mas pelo menos tinha alguma piada ouvi-lo falar, e sempre agitava de vez em quando a Assembleia da República, fosse qual fosse o Governo que lá estivesse.

Desde a sua saída, talvez consequência do mau resultado das últimas legislativas em 2011, ou mesmo por opção, o que é certo é que o Bloco ficou cinzento, sem graça, com nenhuma imaginação e um discurso de Compact Disc riscado (O PCP continua na versão cassete).

Talvez resultado disso, nestas eleições autárquicas continuou a perder influência e a piorar resultados. Parece que o povo está mesmo farto de os ouvir.

24 setembro 2013

O Milagre da Vida

E às 16 horas do dia 22 de Setembro de 2013, a vida mudou para sempre.

O Milagre da Vida aconteceu. Ver nascer o Luís Afonso foi o culminar de 8 meses (sim, é prematuro) de gestação, que acompanhei desde que ele media apenas 3 mm. A mãe, que tem a sua quota parte na criação, e toda a responsabilidade na gestação, foi quem o transportou e quem mais sofreu durante este tempo, e até durante o parto.

O momento da notícia de que estava na hora bate cá bem no coração, e toda a ansiedade, que eu já pensava que era enorme, toma outras proporções. Não sei bem o que pensei, mas sei que era bom. Que era um momento de alegria que estava para acontecer.

Acompanhar a mãe no momento de dar à luz, dando-lhe, acho que inutilmente, alguma força para conseguir passar todo o momento com o mínimo de esforço, passa a correr. Entre pensamentos de inutilidade e piadas mal feitas que só aumentam a irritação dela, não fossem as drogas maravilhosas que existem para estes casos, e acho que as hormonas me teria dado uma valente bofetada.

E ouvir o primeiro choro, como sinal que tudo estava, aparentemente, bem, traz uma sensação de alívio, a ansiedade desaparece, mas em seu lugar vem a emoção, a comoção, e uma felicidade que não existem em poema nenhum ainda devidamente descrito.

O acto de cortar o cordão umbilical, apesar de simbólico, dá aquela sensação de que também eu contribuí para o evento. Mas por mais que eu queira pensar assim, não tem qualquer comparação com a força que a mãe teve para o fazer.

São estas obras da Natureza que nos fazem acreditar que ela é realmente maravilhosa. Que a vida é bela, e que, sendo nós tão imperfeitos, conseguimos trazer ao mundo um ser que tem tanto de frágil como de perfeito. Que é também a nossa melhor obra, e por isso mesmo nos enche tanto de orgulho de o termos connosco, a completar as nossas vidas. Uma vida a três.

03 setembro 2013

A Microsoft fintou a Apple

Num artigo publicado na Forbes, o autor do mesmo dá as suas justificações, na minha opinião quase todas válidas, para que a Apple, gigante da tecnologia, mas neste caso, apenas dos telemóveis, comprasse a Nokia.

Nas razões, detalhadas no artigo estão as patentes da marca finlandesa, as aplicações de mapas, a Wireless TV e a hipótese de derrotar definitivamente a Microsoft para fora do mercado neste segmento.

Não sei se à altura do artigo a Microsoft já tinha na manga a cartada de hoje de manhã, em que pelas razões semelhantes às apresentadas no artigo, comprou a Nokia. Quer o tenha antecipado ou não, a Microsoft fintou a Apple. Mantêm-se dentro do jogo dos smartphones (o Windows Phone está a uns escassos 3% abaixo da cota de mercado da Apple nos países do Norte da Europa), fica com os direitos das patentes, talvez o recurso mais valioso da Nokia neste segmento, e adquire o controlo total do hardware onde corre o seu, quanto a mim, muito bem desenhado, sistema operativo de smartphones.

Pelo meio as acções da marca finlandesa, que estavam a afundar quase ininterruptamente durante longos meses, tiveram uma subida repentina de 40%.

Parece que, afinal de contas, tanto a Microsoft como a Nokia se mantém vivas.

02 setembro 2013

A Constituição da Discórdia

Muito tenho lido sobre a decisão do Tribunal Constitucional relativamente à lei da mobilidade. Há a fação a favor da decisão (e consequentemente opositora da lei e essencialmente do Governo) e a fação contra a decisão. Mas o que mais me intriga nestes dois lados da fação é sentir que a própria Constituição da República Portuguesa, outrora apelidada de “a mais completa do mundo” (sabe-se lá o que quer dizer o “completa”), está a dividir os portugueses.

A Constituição deve servir de base para as leis de qualquer Estado Democrático. Deve definir princípios de liberdade e igualdade para todos. Mas chegados a um ponto em que metade dos portugueses acham que só atrapalha o país, não estaria na altura de rever essa mesma Constituição para que fosse de novo a Constituição de todos os portugueses?

Não devemos esquecer em que altura é que a mesma foi escrita, num período pós-ditadura, em que o povo estava ébrio da liberdade conquistada. Os ideais estão todos lá, é verdade, e os princípios básicos devem sempre lá constar. Mas a época é outra, e é necessário evoluir. A evolução não é uma coisa má, foi à custa dela que deixámos de ser quadrúpedes.

Dada a sua “completude”, pergunto-me se alguém, além dos juízes do palácio Raton, que o fazem por obrigação, já alguma vez leu a Constituição. Julgo que a mesma deveria ser simples o suficiente para todos a saberem de cor. E quem sabe se assim, ainda seria preciso um Tribunal para analisar a Constituição.

01 setembro 2013

Fotos digitais de antigamente

O despertar da fotografia digital, e principalmente o constante baixar de preço dos equipamentos, levou a que haja um boom de pseudo-fotógrafos. Toda a gente é fotógrafo, toda a gente tem milhares de fotografias digitais, centenas publicadas em serviços online, incluindo no Facebook, e alguns até se aventuram a fazer serviços como profissionais, depois resultando em grandes barretes.

Não me faz confusão nenhuma, que até sou bastante dado a inovação tecnológica. Tenho igualmente câmaras digitais (mais que uma) e alguns acessórios extra, que fui adquirindo ao longo do tempo. Ao longo deste tempo tenho a noção que não quero nem tenho pretensões de ser um fotógrafo profissional, mas isso não me impede de querer aprender sempre mais qualquer coisa e melhorar tanto o olhar como a técnica.

Aquilo que me faz confusão é a a profusão de fotografias, bastantes tiradas sabe-se lá com que equipamento topo de gama, com sensores que fantásticos a captar a cor e a luz, e que depois são transformadas em fotos super-saturadas do instagram, ou deslavadas de cor por um efeito qualquer, ou imitações autênticas de polaroids, com a sua gama de cores limitadas.

Pergunto eu, se é para isso, para que querem o material topo de gama?