Para que os pensamentos não se percam no éter, e o fumo do pensamento não ande por aí espalhado.

27 outubro 2013

O Arroto

Há certos pormenores culturais que nos impedem de exprimir os nossos desejos. Ao contrário de certas culturas mais orientais, em que arrotar após uma refeição é quase obrigatório, em sinal de satisfação, na nossa cultura mais ocidental é visto como uma grande javardice e falta de respeito. Excepto quando somos bebés.

Quando somos bebés, não interessa qual a cultura onde somos criados. É praticamente obrigatório arrotar. Para que os pais não entrem em maluqueira compulsiva com os sucessivos bolsares. Arrotar é sinal que após a refeição, o bebé vai ficar mais descansado, com menos dores intestinais e chorar menos.

E há que dizê-lo, enquanto somos bebés, quase tudo é permitido, porque somos uns queridos e uns fofos. Mesmo algo que conforme vamos crescendo passa a ser socialmente condenável. Ou seja, a vida fica cada vez mais injusta.

21 outubro 2013

O bolsar

A rotina diária de cuidar do júnior inclui trocar fraldas, mimá-lo (um momento sempre agradável também para os pais que se sentem ainda mais babados) e dar-lhe de comer. Após o comer, é necessário esperar um pouco até que saia um arrote daqueles que enchem um homem de orgulho, antes de o deitar.

Só que é rotina também habitual do júnior, bolsar o leite. E os momentos não têm aviso, podendo acontecer em qualquer momento. E o júnior escolhe precisamente os melhores momentos. Aqueles em que acabamos de colocar um lençol novo na cama, ou em que estamos com uma roupa lavada acabada de vestir antes de sair de casa.

Parece que revira os olhos e a cabeça para ambos os lados na tentativa de verificar o que está mais limpo. Só para poder marcar os seu território com uma bolsadela, dizendo com um sorriso de satisfação: isto é meu.

10 outubro 2013

E na terceira semana de vida…

… começam as cólicas! E o problema é maior porque ninguém sabe exactamente o que são as “cólicas”. O bebé chora, mas não tem fome, nem frio, nem calor, nem dores, nem febre, nem cocó, nem gases, nem está preso, tem mimos… e mesmo assim chora até ficar em apneia, de forma interminável e durante o tempo suficiente para os pais pensarem em saltar da varanda do 5º andar. Como não se consegue explicar do que se trata, então são cólicas!

Apesar de não se saber o que são nem como são originadas (há muitas teorias por aí, se calhar é uma mistura de todas elas), sabe-se que começam na 3ª semana de vida, duram até 3 horas de choro, acontecem pelo menos 3 vezes por semana, e terminam por volta dos 3 meses. São as regras dos “quatro três”, como os pediatras lhe chamam.

O que quer dizer que ainda vamos ter de o ouvir chorar muito sem qualquer razão durante bastante mais tempo…

02 outubro 2013

Cocó a jacto!

O meu filho, todos quantos o veem, acham que tem o nariz da mãe, mas o restante do rosto sai ao pai (sim, estou a babar-me). Pois nesta altura já deu para ver que também no trato intestinal sai ao pai, pois não sente dificuldade nenhuma em fazer cocó.

E além do cocó consegue mandar umas bufas bastante audíveis, usando inclusive uma adorável expressão de felicidade e alívio, que deixam o pai cheio de orgulho!

Uma destas noites, enquanto o pai lhe trocava a fralda, por sinal limpa, resolveu dar um ar da sua graça. Geralmente quando são meninos, como é o caso, acontece o descontrole do pirilau que resolve marcar território aleatoriamente para onde está virado. Não foi o caso. No caso o que saiu foi mesmo uma bufa audível, com a sua expressão de felicidade e alívio, mas acompanhada de um jacto poderoso de cocó, que resolveu sujar o resguardo do muda fraldas, e deixar as marcas na roupa do pai.

Escusado será dizer que após o orgulho, o pai caiu na realidade de que irá ter que passar por momentos semelhantes muitas vezes. Veremos se o orgulho se mantém.

01 outubro 2013

Sobrevivi à primeira semana de paternidade!

Quando converso com amigos sobre os sues filhos e como passaram as primeiras semanas, é bastante normal ouvir experiências que me deixariam logo com medo de ser pai, e até de optar pela adopção de uma criança já crescida para evitar estes primeiros tempos que fazem tanta gente queixar-se.

Que as crianças nesta altura só comem, dormem e fazem xixi e cocó, já se sabe. Nada de anormal, e é o esperado. Ouvir os pais queixarem-se que não dormem nada, que são tempos muito maus, etc., fazem-me perguntar, então porque é que se tem filhos?

No meu caso não me posso queixar muito. É difícil, mas como tudo na vida, nada que não se faça. É preciso algum cuidado na interacção com a criança, mas não é necessário tratá-la como se de um objecto de porcelana raríssima se tratasse. Requer essencialmente uma grande habituação às novas rotinas da casa, que são impostas por ele. É tão pequeno, e consegue deixar dois adultos completamente de rastos durante o dia.

Mas pegar nele e sentir que é realmente um ser tão frágil e inocente, encostá-lo ao coração e olhar para ele na sua paz de anjo enquanto dorme, é um prazer que supera qualquer dificuldade que se sinta. E são esses pequenos prazeres que nos dão a energia para continuar na rotina por ele imposta. Porque ele merece.