Para que os pensamentos não se percam no éter, e o fumo do pensamento não ande por aí espalhado.

27 novembro 2012

Tempos de mudança

Há uns tempos atrás, não muito, se aparecessem poucos jogadores para a bola, os que apareciam jogavam na mesma. Corria-se muito, cansava-mo-nos bastante, mas divertia-mo-nos imenso. Chegava a casa no final do jogo com um sorriso enorme de alívio do stress e do esforço feito.

Agora, não aparecendo jogadores suficientes para os mínimos, já não se joga. Faz-se os possíveis para cancelar o jogo sem ter de pagar o dia, salvando-se assim algo pela deslocação. O dinheiro passou a ter mais importância que o divertimento. Outros tempos…

26 novembro 2012

Essência do Gourmet 2012

Decorreu no Porto no passado fim de semana, a edição 2012 da Essência do Gourmet. Numa altura em que a culinária está tão na moda, não podia perder mais esta oportunidade de conhecer o evento. Com o pequeno extra de se passar no maravilhoso Palácio da Bolsa, que na generalidade dos dias tem grande parte das salas fechadas.

Logo à entrada, e com desconto no bilhete por ter ido de metro, oferecem-nos um avental. Já que as mostras de culinária são bastante interativas, não nos vamos querer sujar. E antes de passar para a ação propriamente dita, a passagem obrigatória pela mostra de produtores nacionais, com os seus produtos gourmet, alguns tão recentes que não se encontram nas lojas. Desde os doces, os enchidos, os queijos, os chocolates, passando claro está, pelo vinho.

No salão principal, encontramos 9 espaços separados, cada um deles patrocinado por uma marca, onde os chefes vão apresentar (e ensinar) os seus truques e iguarias. Com o alongar do dia, mais e mais gente se acumula nos pequenos espaços, pelo que às vezes torna-se complicado de ouvir e ver o que se passa por detrás da bancada que nos separa do chefe. Felizmente, todos eles são bastante simpáticos e acessíveis, e respondem às questões que o público coloca.

No final, prova-se o prato que se preparou, em forma de petisco, já que tem que ser divido por toda a gente que o queira provar (mesmo os que não assistiram à sua confecção). Mas entre uma prova aqui e outra acolá, acabamos por matar a fome, de uma forma como o gourmet se costuma apresentar: saboroso e em pequena quantidade.

Ao fim do dia, tempo para assistir sentados a uma mostra de cozinha, bem, chamo-lhe moderna para ser simpático, numa palestra que mais parecia uma sessão filosófica que uma mostra culinária. E apresentarem um prato de carne de porco à alentejana sem carne e sem batatas fritas (o que sobra: amêijoas), digamos que é preciso ter inalado bastantes fumos tóxicos do fogão a gás.

Salva-se a belíssima apresentação da chefe Justa Nobre, que com o seu cozinhar a olho fez em pouco tempo 4 deliciosos petiscos para deleite do público presente.

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O Palácio da Bolsa, no Porto.

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Bacalhau confitado com puré de castanhas.

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O salão principal, onde toda a ação decorria.

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Naco de atum com espinafres e molho de citrinos.

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Bife Wellington com pasta de cogumelos, queijo da serra e mel.

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O lindíssimo salão árabe do palácio.

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Carne de porco à alentejana, versão moderna. Alguém me diz onde está a carne?

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O quase-grande chefe.

22 novembro 2012

A moda da culinária

Há uma quantidade enorme de programas de culinária na televisão. Desde o Top Chef, versão tuga, até às sucessivas reposições dos MasterChefs de todo o mundo, e até canais dedicados à culinária. Sem qualquer depreciação, a culinária está na moda. E eu estou rendido.

Vejo sempre que posso esses programas, e curiosamente, apesar de não ser seguidor das versões portuguesas, tenho-me cruzado com alguns dos chefes participantes nos vários programas. O principal desta loucura toda, é que me tornei não só um melhor cozinheiro, como também um melhor apreciador de comida.

Não pretendo nem quero ser chefe de cozinha. Mas quando tenho tempo gosto de me dedicar a inventar coisas novas e até a misturar sabores. Mas nunca a entrar em demasiadas inovações que descaracterizem completamente o prato. E até me ajeito no empratamento.

Quando vou a um restaurante, estou mais receptivo a experimentar coisas novas. Sei que sou esquisito no comer, sempre fui, e às vezes o experimentar o que não se conhece pode correr mal. Mas confesso que a maior parte das vezes corre bem. Só tenho pena de não ter nem mais tempo nem mais dinheiro para ter mais experiências culinárias. Porque isto do gourmet não é nada barato.

Apesar de tudo, continuo a gostar imenso de ir a tascas. Continua a ser o mais típico que se pode encontrar e na relação qualidade/preço (ambos geralmente baixos) batem qualquer gourmet.

06 novembro 2012

Comparações…

Ando um pouco farto de alguns indivíduos nos querem comparar com a Islândia. Desde a reportagens jornalísticas até alguns reivindicadores profissionais, querem comparar tanto o cenário de substituição política que foi feita por lá, como aquilo que tem menos comparação ainda: o povo!

Para quem nunca foi à Islândia ou nem sequer sabe onde é, aqui fica o seguinte: aquilo é uma ilha bem a norte do Atlântico, atravessada pelo paralelo 66 (portanto é muito lá em cima). Em Julho não tem uma única hora de escuridão; em Dezembro, não tem uma única hora de sol. Tem metade da população portuguesa, e tem mais ovelhas e cavalos que habitantes. Tem inúmeros vulcões e muita actividade sísmica.

Agora, o essencial. As pessoas não saem à rua durante a semana. No entanto vingam-se ao fim de semana, onde pára a loucura pelas ruas das principais cidades, principalmente Reykyavik, a capital. É considerada das melhores noites do mundo para a borga.

O que nós temos por cá? Sol. 10 milhões de pessoas. Nenhum vulcão ou minério, poucas ovelhas, ainda menos cavalos, terrenos férteis mas que ninguém quer plantar, 13 milhões de telemóveis (!!), e um povo que essencialmente quer é sol, borga e boa vida. Todos os dias, de preferência.

Alguém no seu perfeito juízo acha que despejar o Governo das suas funções e criar uma junta popular para governar o país daria bom resultado? Então é melhor pensar outra vez. É que a diferença, está mesmo no povo!