Para que os pensamentos não se percam no éter, e o fumo do pensamento não ande por aí espalhado.

17 outubro 2010

A saga do bem-vestir

A presença num baptizado requeria que me vestisse de uma forma um pouco mais clássica que o meu normal do dia a dia. E na hora de ir passar o fim de semana fora, levo a roupa na bagagem. Umas calças mais clássicas, de sarja preta, um blazer preto, sapatos pretos que descobri aqui pelos armários de casa, duas camisas, uma mais desportiva e outra para andar mais atilado.

Na véspera lembro-me que o meu cinto é castanho, o que não pode ser, e por isso, vou ao shopping comprar um cinto preto, a um preço acessível, se é que isso existe nos dias de hoje. Parece estar tudo preparado, desta vez. Errado.

Ao olhar para a camisa clássica, já em casa, reparo que ela parece estar estragada. É verdade que já não é nova, mas estando dentro do armário deveria estar no mínimo usável. E ao experimentar a camisa desportiva, vejo que não se adequará à situação. Planos para o dia seguinte: levantar cedo e ir ao shopping às 10h da manhã, comprar uma camisa.

Já vestido a preceito, com a camisa de recurso e a caminho do shopping, reparo que o pé direito anda mais à vontade dentro do sapato que o pé esquerdo. Eis que olho para o sapato e reparo que a sola do mesmo está quase descosida na totalidade num dos lados, o que me deixa na situação arriscada de chegar ao fim do dia com as meias no chão. Bem, pode ser que o mesmo se aguente hoje, penso eu, enquanto escolho uma camisa, a um preço menos assustador que o normal das que tinha visto até então.

Ao passar num dos corredores do shopping, reparo num pequeno guichet onde em letras grandes se pode ler: “reparações rápidas, chaves, cintos, sapatos”. É mesmo aqui que eu vou já de seguida. A senhora que lá está logo se aproxima:

Sra - Faça favor!

Eu - Olhe, eu queria saber se dá para colar a sola deste sapato.

Sra - Mas olhe que o sapato é cosido e não colado!

Eu - Pois, eu sei, mas só preciso que ele dure hoje, que amanhã já não preciso dele.

Sra - Dê cá o sapato que eu vou ver se a cola agarra isso.

Passados alguns minutos, e já depois de me ter dito para esperar um pouco enquanto a cola secava, eis que me surge com o sapato colado e com a sola no sítio. Não me cobrou dinheiro, e acabou por me salvar o dia, que não queria nada ter que comprar um par de sapatos. E os sapatos duraram todo o dia, e toda a noite na caminhada que fiz para casa sobre calçada. Estão de novo no armário e prontos para outra, pelo menos até se descolarem outra vez.

1 comentário:

  1. É para veres o que as mulheres sofrem... Vá umas sofrem mais do que outras... que algumas, olha-se para elas e aquilo não tem ponta por onde se lhe pegue... Vá confesso às vezes também tenho dias assim... Não sou a Pipoca...

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