Para que os pensamentos não se percam no éter, e o fumo do pensamento não ande por aí espalhado.

05 outubro 2010

A aventura dos U2

Sempre que os U2 vêm a Portugal, a aventura começa logo nas intermináveis filas para tirar os bilhetes, com mais de um ano de antecedência. Os fãs dormem ao relento durante dias para conseguir um bilhete, cujo preço já é por si só uma exorbitância. Confesso que não há banda nenhuma que me leve a dormir ao relento para conseguir bilhetes. Prefiro a minha dignidade. E por isso, o tempo foi passando, comigo já conformado que também não iria ao concerto desta vez. Os bilhetes esgotaram em poucas horas, e os que seriam postos na revenda pelos novos donos custariam tanto como um ordenado. E o mesmo se passa para o segundo concerto, anunciado uns dias depois, para o dia adjacente.

Até que algumas semanas antes, me perguntam se eu quero ir ao concerto, pois uma amigo ainda tem bilhetes disponíveis. E eu, claro que aproveito, mesmo sendo um preço tipicamente proibitivo. Mas são os U2, e o bilhete custou mesmo aquele preço, por isso, é uma bela oportunidade. Com o aproximar dos dias do concerto, deparo-me com mais e mais ofertas de bilhetes disponíveis para venda. Bilhetes que foram comprados, na sua maior parte com a ganância das pessoas, que ao chegarem próximo da data dos concertos se vêem com os bilhetes na mão, inúteis.

Foi por isso sem grande espanto que observei, ao chegar a Coimbra, que havia bastante disponibilidade de pessoas a vender bilhetes na rua. Também havia quem os quisesse comprar, e a esses eu chamo uns optimistas, para além de sortudos por terem arranjado os bilhetes tão em cima da hora.

A cidade de Coimbra estava preparada para a festa. A viagem de comboio fez-se sem sobressaltos, e os autocarros criados para o efeito cumpriram o seu dever, quer à chegada, quer à partida, o que evitou a confusão das filas intermináveis de trânsito que se geraram para o acesso à auto-estrada.

No comboio de regresso, com a alma cheia do melhor concerto que alguma vez assisti, e com o corpo cheio de cansaço e de sono, acordei sobressaltado com a voz do revisor da CP, que com o seu ar de gozo gostou de me ter acordado para pedir os bilhetes. Depois disso, só acordei em Vila Franca de Xira, a poucos minutos da Estação do Oriente, onde saí já passava das 4h da manhã.

No dia seguinte, acordar o mais cedo que consegui para ir trabalhar. Cheio de sono, sem vontade, mas com um sorriso enorme e a alma brilhante das aventuras do dia anterior. Não me importaria de repetir tudo de novo.

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