Para que os pensamentos não se percam no éter, e o fumo do pensamento não ande por aí espalhado.

04 novembro 2010

Terrinha

Quando há muitos anos atrás vim para Lisboa, sempre fui a modos que gozado com duas particularidades: o sotaque, e a “terrinha”.

Diziam os meus colegas de faculdade, na sua grande maioria de Lisboa ou arredores, que eu falava a cantar. O meu sotaque da zona centro-oeste tem de facto algumas diferenças de vocabulário em relação ao sotaque alfacinha, mas nunca me apercebi de que falava a cantar. O arrastar das palavras, principalmente nas terminações, era o que levava a tal afirmação, mas que até torna as frases melódicas. Depois de tantos anos em Lisboa, devo ter perdido algum do sotaque, mas não do vocabulário.

A “terrinha” sempre foi um conceito que a malta de Lisboa teve dificuldade em aceitar. Não percebiam qual era a emoção e a ansiedade que nós, os forasteiros, tínhamos em ir para as nossas terras ao fim de semana. Pois eu também não consigo explicar o inexplicável. É onde estão as nossas raízes, e no meu caso, grande parte da minha vida pessoal. E mesmo apesar de não ir tantas vezes como no meu tempo de estudante, continua a ser a minha terra.

Nós, os forasteiros, sempre temos uma terrinha para onde ir aos fins de semana. Os outros, se querem ir para algum lado, têm de pagar para isso.

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