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24 novembro 2011

E o direito a ir trabalhar?

Hoje foi dia de Greve Geral. A terceira desde o 25 de Abril que uniu as duas grandes centrais sindicais do país. Curiosamente, ambas ligadas a partidos políticos. A CGTP, mais radical e sempre contra toda e qualquer política, boa ou má, tem um líder militante do PCP. A UGT, mais moderada, é liderada por um militante do PS. Estes líderes nunca fizeram mais nada na vida que ser sindicalistas. E quem os sustenta?

Tal como há o direito à greve previsto na Constituição, também há o direito ao trabalho, e essencialmente o direito a ir trabalhar em dia de greve. E por isso, acho completamente vergonhoso os piquetes de greve impedirem os trabalhadores das suas empresas de exercer o seu trabalho. Por inerência, quem não faz parte das empresas ou entidades (quase todas também lideradas por militantes de esquerda) que fazem greve, apanham na mesma moeda, e indiretamente são impedidos de ir trabalhar. Sem transportes, as pessoas não se conseguem deslocar para o local de trabalho, ainda mais nesta altura de “crise” em que já é difícil pagar o passe, quanto mais o táxi ou o combustível do carro.

Ao contrário dos manifestantes afectos aos partidos de esquerda, que são pagos para estar na greve, ou transportados gratuitamente para os locais de manifestação pelas câmaras municipais do Bloco de Esquerda ou do PCP, as pessoas que indiretamente não puderam exercer o seu direito e dever de trabalhar não são remuneradas pela falta. E isso ainda lhes vai custar mais no final do mês.

Não sou contra as greves. Acho que se deve exercer esse direito quando há razão para isso. Mas em todas as que já assisti desta dimensão não consigo descortinar qual a razão. Os sindicatos e as uniões sindicais devem existir para informar os trabalhadores dos seus direitos, mas esquecem-se de os informar dos seus deveres (tirando talvez o pagamento da quota mensal). Os deveres não podem ser só faltar ao trabalho quando se quer, e ser remunerado por isso.

Quem falta ao trabalho para fazer greve são quase sempre os mesmos. Quem bate com o couro todos os dias continua a fazê-lo para suprimir as faltas e a constante inércia dos habituais grevistas. Que para esses, é mais fácil ir para a Assembleia da República causar distúrbios com o grelhador das febras e o garrafão de vinho às costas, do que estar no trabalho a produzir valor. Coisa que habitualmente já não fazem.

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